“Se o motivo é escalar, tem que se ter muito claro a direção, se não tem, seja transparente. Não tente “enrolar” o investidor! Um negócio que tem a confiança como base, não começa com mentiras, nem que sejam pequenas.”
Quem diz isso é o investidor anjo, Paulo Moreno, durante conversa com a StartupHero. Neste post, o investidor que já injetou capital em mais de 15 startups dá dicas de como é de fato o processo de captação de investimento “atrás dos bastidores” e fala sobre as melhores práticas do mercado.
Confira e preste bastante atenção nos tópicos que podem ser úteis para você captar a atenção de um investidor para o seu negócio.
Nem todo CEO de startup sabe a importância de um Pitch Deck elaborado sob medida ou quantas apresentações de empresa um investidor recebe mensalmente. “A quantidade de Pitch Decks que eu recebo varia muito, depende do momento do mercado. Mas atualmente recebo uma média de 20 pitches por mês.”, afirma o investidor.
Muitos empreendedores acreditam que ter muitos slides em uma apresentação é o caminho certo para chamar atenção de um investidor.
Um Pitch Deck com muitas informações, muitos dados, muitas imagens chamam mais atenção de um investidor do que uma apresentação com poucos slides, certo? Errado!
“O que me motiva a ver até o fim uma apresentação é objetividade logo de início, isto é importante para eu já definir se está enquadrado na minha tese. A clareza na proposta de negócio e para o que serve não podem faltar em um Pitch Deck, pois nem tudo é um problema a ser resolvido.”, explica Paulo Moreno.
O investidor também aponta que o modelo de monetização, o tamanho de mercado e concorrência, os canais de divulgação e o motivo que está buscando investimento não podem faltar em um Pitch Deck.
Logo, se faz necessário entregar um Pitch Deck feito por especialistas, pois os mesmos possuem contato com investidores e sabem o que não pode faltar em uma apresentação.
Uma dica bastante valiosa para quem vai apresentar um Pitch Deck é não focar somente no momento da apresentação, mas também na pós apresentação. Ou seja, esteja preparado para apresentar de forma clara e objetiva sua apresentação, mas também esteja preparado para receber perguntas do investidor após sua apresentação.
O investidor Paulo Moreno cita os cinco principais tópicos das perguntas que ele faz durante um pitch: “As perguntas dependem muito do Pitch e da condução. Não há uma regra rígida, mas meu foco é sempre sobre a experiência dos empreendedores, como os sócios se conheceram, estrutura atual de capital, o que motivou a empreender no caso específico e qual a alternativa para os clientes e que não seja um outro concorrente.”
A tese de investimento precisa ser extremamente bem definida na busca de um investidor. Não adianta entregar seu Pitch Deck na mão de um investidor que não possui a mesma tese de investimento que a sua.
A chance de você se decepcionar e achar que o problema está nos slides e na sua apresentação é enorme.
Deve-se estudar o investidor anteriormente para saber qual sua tese de investimento e assim marcar uma reunião para apresentação.
“Busco por empresas que tenham base tecnológica, pois existe maior impacto em ganho de produtividade. Gosto de ter uma participação relevante na startup, mas dentro dos meus limites de gerenciamento de risco. Dou preferência para áreas que conheço bem, que são: software, saúde e mercado financeiro. Nunca invisto sozinho, sempre em conjunto com amigos (nos moldes dos syndicate nos US) ou crowdfunding. A empresa precisa no mínimo ter um produto pronto e em uso, se já tiver receita é um Plus.”
Paulo Moreno enfatiza que a transparência é um fator inegociável em um processo de captação de investimento. “Além de ser investidor, faço muito trabalho de validação para VC’s que pretendem investir e querem entender qual o “gap” do que existe entre o discurso e a realidade, especialmente com relação aos sistemas. Muitas vezes o empreendedor diz que precisa de investimento para escalar, mas na realidade ele precisa concluir algo que já deveria estar feito ou em casos mais graves, refazer os sistemas.”
“Se o motivo é escalar, tem que se ter muito claro a direção. Caso não tenha, seja transparente! Não tente “enrolar” o investidor. Um negócio que tem a confiança como base, não começa com mentiras, nem que sejam pequenas.”, conclui.
Não existe um manual para o sucesso, mas, sem dúvida, as dicas de Paulo Moreno, investidor anjo/seed em startups de base tecnológica ligadas a Saúde, AI e Equity Crowdfunding, podem ajudar bastante empreendedores que buscam investidores para suas startups.